Dados do Trabalho

Título

Prevalência e preditores de infecção confirmada após o início de antibiótico empírico na UTI: coorte retrospectiva

Objetivo

Avaliar a prevalência e preditores de infecção confirmada em pacientes utilizando antibioticoterapia empírica durante a internação na unidade de terapia intensiva(UTI).

Métodos

Coorte retrospectiva de pacientes admitidos na UTI de Emergências Clínicas do HCFMUSP entre novembro de 2017 a 2022. Foram incluídos adultos (>18 anos) que iniciaram uso de antibiótico durante a internação em terapia intensiva. A infecção foi retrospectivamente classificada como confirmada, provável, possível ou descartada, a partir dos resultados das culturas e da evolução do paciente. Utilizou-se um modelo hierárquico de regressão logística múltipla para avaliar a associação entre preditores independentes e a presença de infecção.

Resultados

1721 pacientes foram admitidos na UTI no período estudo e, após exclusões, foram selecionados 206 pacientes com 243 prescrições novas de antibióticos. A idade média da amostra foi de 55 anos e o SAPS3 de 68.5. A maioria das admissões foi proveniente da emergência (35.9%) e de causa respiratória (53.4%). A infecção foi confirmada em 61 (25.1%) das prescrições, provável em 39 (16.0%), possível em 103 (42,4%) e descartada em 40 (16.5%). A variação do SOFA nas 24h anteriores ao uso de antibiótico (DeltaSOFA) foi a única variável associada com infecção presente (OR 1.18, IC95% 1.02-1.36, p=0.0224). Entre os pacientes com cultura positiva, somente a presença de imunossupressão associou-se com infecção (OR 2.2, IC95% 1.14-4.24, p=0.02).

Conclusão

Em pacientes que iniciaram ATB empírico na UTI, frequentemente não é possível confirmar a presença de infecção. Reavaliação diária é importante para evitar o uso desnecessário de antimicrobianos.