Dados do Trabalho

Título

QUANDO A AVALIAÇÃO DA RESPOSTA CLÍNICA É O ÚNICO PROGNÓSTICO POSSÍVEL - RELATO DE UM CASO DE INCERTEZAS E SUCESSO IMPROVÁVEL

Descrição do caso

Introdução: O transplante hepático, na recidiva tumoral de neoplasias neuroendócrinas e colorretais, quando bem indicado, apresenta bons resultados na sobrevida a longo prazo. A imunossupressão pelo transplante pode propiciar neoplasias hematológicas, como leucemia mieloide aguda. Outra complicação possível do tratamento, é a neutropenia febril e infecções associadas.
Resumo do caso: Paciente masculino, 28 anos, com neoplasia de cabeça de pâncreas neuroendócrina ressecada cirurgicamente apresentou recidiva hepática após 18 meses. Tratado com transplante hepático de doador falecido, vinha em vigência de imunossupressão quando evoluiu com mialgia, astenia, sangramento gengival e picos febris. Biópsia de medula: leucemia mieloide aguda. Iniciou tratamento quimioterápico, complicando com neutropenia febril, piora do sangramento gengival e insuficiência respiratória, necessitando intubação orotraqueal e suporte ventilatório em UTI, somada a múltiplas infecções nosocomiais oportunistas. Com esta lista de problemas desanimadora, parte da equipe era favorável a um plano terapêutico de medicina paliativa mas, em função da falta de consenso da equipe e em benefício da dúvida, optou-se pela manutenção de suporte pleno de UTI e observação da resposta clínica. Paciente evoluiu com melhora clínica, remissão da leucemia e alta hospitalar.
Conclusão do caso: A capacidade da Terapia Intensiva contemporânea em modificar a probabilidade de óbito, mesmo em casos aparentemente irreversíveis, deixa explícita a limitação médica de fazer prognósticos adequados antes de testar a resposta clínica às intervenções disponíveis. Com a consciência desta incerteza em perspectiva, limites terapêuticos só devem ser cogitados após estabelecida a refratariedade clínica, consenso multidisciplinar e a convergência com os valores e desejos do paciente.