Dados do Trabalho

Título

Plaquetopenia como fator de risco para mortalidade na sepse

Objetivo

Avaliar o potencial explicativo da plaquetopenia (<100-109/L) na mortalidade de admitidos na UTI por sepse/choque séptico.

Métodos

Coorte retrospectiva de maiores de 18 anos admitidos em UTIs de 5 hospitais de Curitiba-PR por sepse/choque séptico, entre 01/05/2023 e 31/04/2024. Foram excluídos: registros incompletos; advindos/transferidos de outros serviços; doentes hematológicos; cirróticos; com insuficiência hepática; choque hemorrágico, neurogênico e anafilático. Plaquetopenia (<100-109/L) nas primeiras 72h e em algum momento da internação foram avaliadas como preditores de mortalidade na UTI por regressão logística múltipla.

Resultados

Das 8797 admissões no período, foram analisados 1374 paciente com idade média de 72,1±15,8, sendo 54,1% mulheres e 85,5% internamentos clínicos. A maioria apresentava sepse pulmonar (50,5%), abdominal (19,9%), urinária (14,5%), pele, osso e partes moles (5,6%), indeterminado (3,9%), corrente sanguínea (2,5%), endocardite (1,8%) e neurológica (1,2%). Valores medianos (intervalo interquartílico) de APACHE-II, maior SOFA <72h e SOFA mediano da internação, ambos desconsiderando a disfunção plaquetária, de 18 (14-25), 5 (3-9) e 4 (2-6), respectivamente. Plaquetopenia em até 72h de UTI ocorreu em 9,9% (n=136) e 15,4% (n=212) apresentaram-na em qualquer momento da internação. A taxa de mortalidade na UTI foi 32,1% (n=429). Plaquetopenia em 72h aumenta a chance de mortalidade (OR:1,590[1,008-2,508]) independentemente de maior SOFA do mesmo período (desconsiderando plaquetas), idade e sexo. Assim como plaquetopenia em qualquer momento da internação (OR:1,793[1,171-2,746]), independentemente do SOFA mediano da internação (desconsiderando plaquetas), idade, sexo e presença de infecção nosocomial.

Conclusão

Em pacientes sépticos, a plaquetopenia <100-109/L aumenta a chance de óbito na UTI independentemente de outras disfunções orgânicas e de infecção nosocomial.