Dados do Trabalho

Título

Fatores associados à limitação de suporte terapêutico em pacientes admitidos em UTI por sepse ou choque séptico

Objetivo

Avaliar fatores associados ao aumento do nível de Limitação de Suporte Terapêutico (LST) em pacientes admitidos em UTI por sepse/choque séptico.

Métodos

Coorte retrospectiva de pacientes ≥18 anos admitidos em 5 UTIs de Curitiba-PR, entre maio/2023 e abril/2024. Foram excluídos registros incompletos, transferências, pacientes com doenças hematológicas, hepatopatias, outros choques e aqueles já com LST. Idade, sexo, escala clínica de fragilidade (ECF), foco infeccioso primário e SOFA mediano foram analisados como preditores de maior LST, classificado em três níveis: A) suporte total; B) não ressuscitação cardiopulmonar; C) restrição/retirada de suporte. Modelos lineares generalizados múltiplos com distribuição logística ordinal foram utilizados.

Resultados

Dos 8797 internamentos do período, foram analisados 1193 pacientes com idade média 70,3±15,7 anos, sendo 53,8% mulheres. A maioria apresentava sepse pulmonar (49,1%), abdominal (21%), urinária (13,9%) e partes moles (6%). Valores medianos (intervalo interquartílico) da EFC, do SOFA mediano no internamento e do tempo de permanência foram 4(3-6), 4(2-7) e 4(2-8), respectivamente. A mortalidade foi de 29,8%. Ao desfecho da UTI 71,9% eram LST A, 14% B e 14,1% C. Foram preditores independentes de maior nível de LST no desfecho da UTI: maior idade (OR:1,024[1,013–1,035];p<0,001), maior pontuação na ECF (OR:1,248[1,147–1,359];p<0,001), maior SOFA mediano do internamento (OR:1,333[1,282–1,385];p<0,001). Os pacientes com sepse respiratória foram mais frequentemente limitados, neste sentido ter foco primário urinário (OR:0,395[0,241–0,646]; p<0,001) e abdominal (OR:0,501[0,341–0,737];p=0,007) reduzem a chance de maior nível de LST.

Conclusão

Maior idade, disfunção orgânica sustentada e foco infeccioso influenciam um maior nível de LST no desfecho da UTI em pacientes sépticos.