Dados do Trabalho

Título

A relação entre os fármacos utilizados em Unidades de Terapia Intensiva e os episódios de delirium

Objetivo

Revisar dados relacionados à farmacologia utilizada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com a incidência de delirium.

Métodos

Revisão sistematizada com metanálise, a partir de trabalhos da plataforma PubMed, datados de 2020 a 2024, nos idiomas português e inglês. Os descritores usados são “Sedation AND Delirium AND Intensive Care Unit”, presente nos "Descritores em Ciências da Saúde".

Resultados

O delirium está associado ao aumento da morbimortalidade, do comprometimento cognitivo, tempo prolongado de ventilação mecânica e internação. Nas UTIs, 60 a 80% dos pacientes em ventilação mecânica desenvolvem delirium e cerca de 70% desenvolvem comprometimento neurológico após 3-12 meses de alta. O estudo HARPOON randomizou 245 pacientes idosos hospitalizados para haloperidol profilático versus placebo e não encontrou diferenças claras na incidência, duração, gravidade ou mortalidade por delírio. Contudo, um estudo randomizado com 247 participantes em cuidados paliativos, duplo-cego, encontrou uma exacerbação dos sintomas de delírio no grupo que recebeu haloperidol ou risperidona. Outros dois ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos, com pacientes sedados com dexmedetomidina apresentaram risco 23% menor de delírio em comparação aos sedados com midazolam, e mais do que o dobro de dias sem coma e delírio comparado àqueles sedados com lorazepam. Em relação à cetamina, cuja administração foi associada à melhora na disfunção cognitiva pós cirurgia cardíaca, observou-se potencial profilático ou terapêutico para delírio pós-operatório ou de doença crítica.

Conclusão

O delirium, condição aguda frequente em UTIs, apresenta prevenção e manejo desafiadores, associada à baixa eficácia do haloperidol. Entretanto, nota-se potencial efeito terapêutico e preventivo da dexmedetomidina e cetamina.