Dados do Trabalho

Título

Análise das infecções hospitalares em pacientes com câncer internados em terapia intensiva: Um estudo multicêntrico da plataforma IMPACTO-MR

Objetivo

Comparar a incidência de infecções nosocomiais em pacientes com e sem câncer internados na UTI e sua associação com mortalidade hospitalar.

Métodos

Análise secundária da plataforma colaborativa IMPACTO-MR, uma coorte prospectiva de infecções nosocomiais em 50 UTIs brasileiras, de 2018-2021. Incluímos pacientes maiores de 18 anos na primeira admissão em UTI. Avaliamos a associação entre câncer (G1) e imunossupressões não-câncer (G2) com a ocorrência de infecção, assim como a associação destes com mortalidade hospitalar, ajustando em um modelo de regressão logística para idade, sexo, gravidade, funcionalidade, fragilidade, tipo de admissão e fonte de financiamento do hospital. Pacientes sem câncer nem imunossupressão foram o grupo controle (G3). Apresentamos como medida de efeito a razão das chances ajustada (adjOR).

Resultados

O estudo incluiu 63.947 pacientes, dos quais 8.088 (13%) tinham câncer e 12.358 (19%) tinham outras imunossupressões. A ocorrência de infecção nosocomial no G1 foi de 5,8%; no G2, de 7,6%%; e no G3, de 6,3%. A mortalidade hospitalar foi de 31,4% (G1), 26,7%% (G2) e 24,1% (G3). Não houve associação entre câncer (adjOR=0,89, IC95%=0,78-1,02, p=0,094) ou imunossupressão não-câncer (adjOR=1,05, IC95%=0,97-1,14, p=0,26) com a ocorrência de infecção. A ocorrência de infecção foi associada à maior mortalidade hospitalar (adjOR=2,27, IC95%=2,11-2,44, p<0,001) independente da presença de câncer ou outras imunossupressões.

Conclusão

Câncer ou imunossupressões não-câncer não são associados à ocorrência de infecção nosocomial. Infecções nosocomiais são associadas à maior mortalidade independente da presença de câncer ou de imunossupressões não-câncer.