Dados do Trabalho
Título
Porfiria aguda intermitente: desafio diagnóstico na UTI
Descrição do caso
A porfiria aguda intermitente (PAI) é uma doença genética rara, autossômica dominante, decorrente de um distúrbio na via hepática da biossíntese do heme, resultando na produção excessiva e acúmulo de precursores de porfirinas, o porfobilinogênio (PBG) e o ácido delta-aminolevulínico (ALA). A doença se manifesta por ataques agudos e recorrentes de dores abdominais intensas, alterações mentais, neuropatia periférica, redução de reflexos, convulsões e coma. Trata-se de um desafio diagnóstico para o intensivista, tanto pela semelhança com outras polineuropatias axonais agudas, como a síndrome de Guillain-Barré (SGB), quanto pela necessidade de testes que não fazem parte da rotina diária de uma UTI. Apresentamos o caso de uma paciente feminina, 40 anos, admitida com fraqueza muscular ascendente há 30 dias e hipótese de SGB. Iniciada a investigação, a eletroneumiografia mostrou acometimento axonal de grau acentuado nos quatro membros, indistinguível do padrão da SGB. O liquor estava límpido, ausência de células e dosagem de proteína normal. Ao interrogar a família, foi relatada a ocorrência de episódios anteriores de fraqueza muscular menos severos. Com isso, procedemos com a dosagem dos metabólitos urinários, que veio positiva para ALA e PBG e por fim o teste genético positivo para alteração em um dos genes causadores de PAI. Foi iniciada então dieta hiperglicídica, com melhora parcial da força muscular, desmame da ventilação mecânica e alta hospitalar. Atualmente a paciente está em seguimento para avaliação do uso de medicação específica para prevenir outros ataques (hematina).
Área
Neurointensivismo
Autores
Bruno Ribeiro Almeida, Marcelo Adriano Cunha Silva Vieira, Fernando Antonio Costa Anunciação, Angela Valeria Guimarães Miranda Correia, Herion Alves Silva Machado, Mariane Mendes Gil Barbosa Santos Rocha, Matheus Marques Oliveira Gomes, Lays Torres Vieira