Dados do Trabalho


Título

Síndrome de LANCE-ADAMS em adolescente após intoxicação aguda por organofosforado e PCR: um relato de caso

Descrição do caso

Síndrome mioclônica pós-anôxica crônica, ou LANCE-ADAMS, é uma patologia neurológica caracterizada por movimentos mioclônicos difusos crônicos, principalmente de ação, de difícil controle após injúria cerebral isquêmica. Neste trabalho, relatamos o caso de uma paciente que desenvolveu a doença após intoxicação por organofosforado seguida de parada cardiorrespiratória (PCR).

Paciente do sexo feminino, 14 anos, apresentou intoxicação por organofosforado por auto-ingesta. Após admissão, apresentou parada cardiorrespiratória em assistolia, com retorno da circulação espontânea após oito minutos. Realizado tratamento de intoxicação, incluindo transferência para hospital de referência. Durante o transporte, desenvolveu movimentos musculares difusos, de forte intensidade e longa duração, refratária a doses de bolus de midazolam. Com a hipótese de status epiléptico refratário após injúria cerebral, iniciado tratamento com sedação contínua, com cetamina, cisatracúrio, propofol e altas doses de midazolam, além de medicações anticonvulsivantes. Porém, além de melhora discreta de movimentos, foi realizado eletroencefalogramas que não evidenciaram padrões de crises convulsivas. Eliminada esta hipótese, teve-se redução gradual das medicações sedativas e, em discussão multidisciplinar, levantada hipótese de síndrome mioclônica pós-anóxica. Diante disso, aumentou-se para dose máxima de levetiracetam, ácido valpróico e fenobarbital, além de iniciar clonazepam. Após ajustes, paciente teve redução gradual de movimentação atípica, tornando-se esporádica a movimentação espontânea, com melhora do nível de consciência, apesar da oscilação. Concomitantemente, apresentou fraqueza muscular generalizada, sugestiva de síndrome intermediária, prejudicando controle respiratório, sendo necessário traqueostomia. Diante da raridade da patologia, esse caso apresenta mais uma possibilidade para o diagnóstico diferencial além do status epiléptico para pacientes com crise distônica pós PCR.

Área

Pediatria

Autores

Larissa Honorio Costa, Brigida Martins Lima, Isadora Froeder Oliveira, Heraldo Rocha Valladão, Renata Pinho Barroso Quinet, Veronica Ferreira Cury