Dados do Trabalho

Título

Síndrome de Foix-Ajouanine: Desafio diagnóstico e terapêutico na UTI

Descrição do caso

A Síndrome de Foix-Alajouanine é uma condição rara, caracterizada por mielopatia progressiva secundária a fístula arteriovenosa dural espinhal. A patologia pode causar sinais neurológicos devastadores devido à congestão venosa e hipóxia medular e sua apresentação clínica é inespecífica, guardando semelhança com doenças desmielinizantes. Seu diagnóstico frequentemente é tardio, complicando o prognóstico e manejo clínico, além da possibilidade de intervenções terapêuticas deletérias e inefetivas. Apresentamos o caso de uma paciente feminina, 43 anos, internada com queixa de fraqueza em membros inferiores, quedas frequentes e redução de sensibilidade de membros inferiores. Ao exame físico da admissão, foi evidenciado bexigoma e alterações neurológicas motoras. Ao longo da internação, foi aventada a hipótese diagnóstica de doença desmielinizante e administrada pulsoterapia. No entanto, paciente evoluiu com piora clínica, apresentando paraplegia e piora da retenção urinária. Foi procedida ressonância magnética e constatado hipersinal medular de T10 até cone medular, com ingurgitamento de vasos perimedulares, sugestivo de trombose associada a fístula dural prévia. Com o diagnóstico de Síndrome de Foix-Alajouanine, a paciente foi submetida a embolização, entretanto, apresentou lesão arterial secundária ao procedimento, evoluindo com hemorragia subaracnóidea com hemoventrículo. Após implementação de cuidados ao paciente neurocrítico e suporte intensivo, a paciente foi submetida a extubação e recebeu alta da unidade de terapia intensiva. Este relato destaca a complexidade de uma doença neurovascular em uma paciente crítica, mostrando a necessidade da integração coesa entre equipes de neurologia e terapia intensiva para o diagnóstico e tratamento de uma patologia rara e cuja identificação tardia pode causar sequelas irreversíveis.